Um sorriso na cara ou uma gargalhada, dos genuínos em que não há apenas expressão facial, mas também expressão corporal…Foi o que me aconteceu hoje antes das nove horas da manhã.
Hoje de manhã como em muitos outros dias, quando cheguei ao carro despejei apressadamente o meu computador, as minhas maças e o meu casaco para a bagageira.
Iniciei o meu percurso normal até ao trabalho, ouvindo a rádio comercial (ou RFM), cantarolando algumas musicas que iam passando e rezando para que o trânsito fluísse rapidamente.
Estava a chegar ao último túnel perto do Saldanha e «block»… Tudo paradinho!
Ouvia os locutores na rádio comercial a comentarem sobre nomes estranhos e lembrei-me de um ex-colega que trabalhava comigo cujo apelido era «Bagina». Recordo-me que quando ele casou com uma ex-colega, o que eu me divertia a pensar na M. como a Sra. M. Bagina. O mais engraçado era imaginar a M. numa repartição pública a soletrar o seu nome…
Estava eu com estes pensamentos e a sorrir paradinha no túnel, quando pela minha visão periférica vejo bastante movimentação do meu lado esquerdo.
Voltei a cabeça e vejo um carro atulhado, abarrotado de trolhas…que se movimentavam (acenando-me) alegremente para mim…
Pensei, ai a minha vida! Não me faltava mais nada…cambada de trolhas! (e a porcaria do trânsito que não avançava…)
Foi quando um abriu o vidro do carro e gritou qualquer coisa na minha direcção, apontando para a bagageira do meu carro. Nem me atrevi a baixar o vidro, tentei antes ler nos lábios e ouvir os gritos do homem.
Confesso que comecei a ficar preocupada, pensei meu Deus tenho um FURO ou então perdi alguma peça IMPORTANTE do carro.
Com algum esforço da minha parte, consegui completar a leitura de lábios (desconcentrava-me ver aqueles homens todos a olharem para mim e a rir) por fim percebi que tinha a ponta do meu casaco de fora da bagageira.
Fiz sinal ao trolha que tinha percebido…e rapidamente avaliei o «benefício/custo» de sair do carro e ajeitar o meu «rico» casaco.
Naaaaa…isso colocaria aqueles sorrisos idiotas na cara dos restante condutores masculinos, quase que lhes podia ler a legenda do sorriso a passar em rodapé «Pfffff…só podia ser uma mulher!».
Como tal, agradeci fazendo gestos e falando devagar para permitir que o trolha me conseguisse (também ele) ler os lábios, e isto porque o meu vidro pelo sim, pelo não mantinha-se fechado. Assim através desta nova comunicação de mimica, disse que parava mais à frente para ajeitar o casaco. Voltei-me atentamente (apressadamente) para a frente, enquanto por fim (para meu alivio) os carros se moveram e andámos mais uns metros, deixando os meus amigos «trolhas» lá atrás…
Uma nova paragem (dentro do túnel), ainda não tinha colocado o travão de mão, quando alguém me batia no vidro.
Pois é…lá estava o meu amigo trolha a bater-me no vidro, com um sorriso enorme e a carrinha cheia de trolhas ao meu lado com as portas abertas e todos eles a sorrirem (também) para mim…
Mais uma vez nem desci o vidro e demorei uns segundos a perceber o que ele queria…não foi preciso ler nos lábios, agora já o ouvia perfeitamente, ele gritava:
«-Destranque o carro!!!!» e gesticulava para a minha bagageira.
Obedientemente (sem pensar muito no assunto e a sentir o constrangimento da situação) fiz o que ele me pedia.
Assim o meu amigo trolha, abriu-me a bagageira, retirou o casaco, dobrou o casaco, ajeitou o casaco na bagageira, fechou a bagageira, lançou-me um grande sorriso e voltou para o carro…
Soltei uma valente gargalhada enquanto pelo espelho retrovisor controlava os movimentos do meu amigo trolha (e confesso
que também confirmava se ele não levava o meu computador na mão!).

Desci (por fim) o vidro e lancei para aqueles trolhas simpáticos o meu melhor sorriso e um obrigado.
Apesar de ter sido um momento constrangedor e de todos os condutores dos carros em meu redor se estarem a divertir com a situação, não deixou de ser um momento único.
O mais engraçado é que em situações (caricatas) em que me senti em apuros, foi sempre um destes homens, que teve a amabilidade de me ajudar…curioso!
Uma Optima semana para todos :)
P.S. A Princesa aconselha a que não destranquem o carro sobre constrangimento! A não ser que seja o «Clooney» a bater no vidro, ai sim ele que roube o que quiser :D
sinto-me: