Sem Fru-Frus nem gaitinhas o mesmo será dizer que se lixe o «politicamente correcto»... Let the show go on!!!!

26
Abr 09

 

Hoje, (aliás ontem que foi dia 25 de Abril) pensei que tinha que escrever algo alusivo ao tema.
 
Assim andei a passear pela internet e a ler coisas de outros tempos. Quem não se lembra ou não ouviu falar da crónica feminina? Que era praticamente «A» revista feminina do antes do 25 de Abril, para além de outras que eram dedicadas exclusivamente ao papel da mulher como «fada-do-lar» .
 
 
Em Portugal, nos tempos do Dr. Salazar todos se esforçaram por manter a mulher no papel tradicional de mãe, dona-de-casa e acima de tudo a mulher que era totalmente e voluntariamente (???) submissa ao marido.
 
Escrevia Salazar nesses tempos pelo seu próprio punho… o lugar da mulher é no seu papel essencialmente familiar, como mãe, esposa, irmã ou filha de todos os que somos em Portugal”…dizia mais ”o trabalho da mulher fora do lar desagrega este, separa os membros da família, torna-os um pouco estranhos uns aos outros”…sendo que Salazar convictamente achava que a mulher deveria permanecer fora do universo laboral e porquê???... ” nunca houve nenhuma dona de casa que não tivesse imenso que fazer” (e MAI NADA!!!)… devendo pois confinar-se a sua presença e actividade aos espaços considerados “próprios”!!!!
 
Uma outra revista que teve um papel importante nessa altura foi a Menina e Moça, revista da mocidade portuguesa feminina, não posso deixar de passar para aqui alguns excertos interessantes:
 
” a mulher ocupada a sério com a sua casa não tem tempo, nem paciências para se entreter com a vida alheia” (MM, 1961, 157)
 
“vítimas (as americanas) de frustração mental” por viverem “torturadas pelo excesso de máquinas no lar”, mergulhadas em situações de “infelicidade doméstica”, que se ficariam sobretudo a dever a motivos como “a falta de conhecimentos de administração caseira, os casamentos demasiado precoces e a futilidade de espírito de muitas jovens” (MM, 1961, 165).
 
….“a não haver uma dona de casa”, perdendo-se “o contacto com a família”, convivendo-se dessa maneira “com muita gente mal formada, mal-educada, pervertida” e comprometendo-se “com uma vida fútil e superficial, (...) arrastada pelas tentações do luxo e das despesas, e pelas relações de acaso.” (MM, 1962, 176).
 
O engraçado é que a constituição de 1933 tinha estabelecido o princípio da igualdade entre cidadãos perante a Lei mas… Há sempre um mas e que obviamente dizia respeito à mulher, eram referenciadas diferenças resultantes da natureza da mulher e do bem estar da família, da sua importância como elemento unificador. Basicamente a mulher estava assim na segunda linha na família e também na sociedade.
 
No «Estado Novo» dentro da família os direitos eram exercidos pelo marido. A Lei Portuguesa da altura designava o marido como chefe de família, a mulher casada acabava por ter menos direitos que a mulher solteira que era considerada uma cidadã de plenos direitos, o que queria dizer que basicamente não tinha «homem» para os exercer na sua vez.
 
À mulher foi-lhe concedido o direito de voto a partir de 1931, sendo que já fortemente condicionado pela ditadura, poderia exercer esse direito desde que fosse diplomada ou tivesse terminado o secundário, ao homem era apenas exigido que soubesse ler e escrever. A mulher não podia exercer nenhum cargo político e não tinha os mesmos direitos na educação dos filhos, o pai tinha a sua função sobrevalorizada e a mãe subvalorizada pelo facto de que perante a lei apenas deveria ser «ouvida».
 
Quanto aos divórcios, ahhh sim havia muito menos que nos dias de hoje…basicamente o divórcio era proibido nos casamentos católicos, pelo que todas as crianças nascidas posteriormente ao primeiro casamento eram consideradas ilegítimas. Assim quando as mães pecadoras iam registar os seus bebés as alternativas eram escassas, ou era dado o nome à criança do primeiro marido ou teria que assumir o estatuto de «mãe incógnita», mas a criança nunca poderia ter o nome do marido actual.
 
Quanto às profissões as limitações também eram algumas, as mulheres não tinham acessos a profissões que eram designadas exclusivamente para os homens tal como :
 
- Magistraduta;
 
-Diplomacia;
 
-Politica,
 
Etc…
 
Há situações curiosas, que se não fossem a «verdade» do nosso passado tão próximo, hoje não deixariam de ser histórias fantásticas para animar jantares de famílias e até de amigos.
 
É de relembrar que por exemplo antes do 25 de Abril as mulheres casadas não podiam mexer nas suas propriedades, as enfermeiras não podiam casar e as professoras não podiam casar com qualquer pessoa, sendo que caso quisessem prevaricar e experimentar o «casório» tinham que para isso de pedir autorização, que depois de concedida saía publicado em Diário da Republica e mais, estava também escrito que uma professora nunca poderia casar com alguém que ganhasse menos que ela.
 
Uma mulher casada não podia por exemplo ir para o estrangeiro sem que tivesse uma autorização do marido e também sem autorização não poderia trabalhar! Básicamente o marido tinha poder perante a lei para chegar ao local de trabalho da mulher e dizer que não a autorizava a trabalhar e ela tinha que ser despedida.
 
Muito mais havia para acrescentar e estou ciente que os testemunhos das mulheres desses dias serão coisas quase inacreditáveis para as mulheres dos dias de hoje…
 
E agora eu vou ali colocar um cravo na lapela e já volto … :)
 
Uma boa semana da vossa @PrincesaVirtual
 
 

 

publicado por PrincesaVirtual às 23:03

comentários:
Era a política do "Deus, Pátria e Família". E claro, sem esquecer o grande Benfca, o clube do regime....
Fernando a 27 de Abril de 2009 às 10:11

Até nisso estavam errados...no clube :D

Beijos Nandito

Muitas destas coisas nem sequer imaginava, sobretudo as limitações dos casamentos. Em bom tempo esta mancha europeia foi apagada. No entanto, por vezes surgem nódoas deste passado pouco ilustre, mascarado por uma vontade em não lembrar. Pior, não foi só um país que não teve liberdade durante décadas, mas também outros foram destruídos na maldita guerra colonial que só nos envergonha!

Acho que ninguém que nasceu depois de Abril de 74´ conseguirá representar o que era viver nesse tempo. Constrange só em imaginar. Por isso, se há feriado de direito, este de Abril é o expoente!


=)
In R a 1 de Maio de 2009 às 14:55

Concordo... nem mais :)

Beijos

Ph***-**! (desculpa lá amiga mas tem as estrelinhas e é com PH )! Hoje estou muito fula da vida e, coincidência ou não, tive uma converseta lixada com um colega de 24 anos muito virada para esta coisa do papel da mulheres! Que numa época em que a maioria da população era analfabeta ou iliterada se pensasse assim era mau mas, nos dias de hoje haver quem ainda queira esta trampa de pensamento como vigente! Abomino esta trampa da moral e bons costumes!
Beijos linda
crowe a 7 de Maio de 2009 às 12:27

Opá tu estás à vontade ....que já és da casa!

Ahahaha....

Beijos e um conselho ignora quem pensa assim, não passa de 1 palerma que ainda não acordou para a vida...

Beijinhos

Diria uma coisita, princesa; Nunca a mulher foi tão respeitada, admirada e venerada como nesse tempo...
Sonhador de Alpendre a 13 de Maio de 2009 às 07:53

Deves estar a «gozar» sonhador...

Bjs

Como deves ter percebido pelo meu post, não concordo nem 1 pouco...com esse tipo se comentários. Apenas fico curiosa com essa forma de pensar que me soa tão estranha, tão escandalosamente estranha... :) ...

Tem uma perspectiva que não é coincidente nem com a minha nem com a realidade o que não quer dizer que a minha postura seja contrária à liberdade individual ou seja sequer uma postura "machista". Parece-me é que lhe falta objectividade na análise, mas assim como assim isto também não é um blogue onde se façam análises sérias e profundas seja do que for. É um blogue leve, bem disposto mas por vezes e nos tempos que correm há temas que me fazem ferver o sangue pela forma como são aflorados e este post é um desses. É de uma absoluta falta de respeito pelos valores, princípios de milhões de mulheres que escolheram com dignidade assumir, aceitar e interpretar um papel. Tenho na minha família muitas mulheres que contrariam tudo o que disse, simplesmente porque foram amadas e respeitadas no que diz respeito às suas escolhas, pelos homens com quem viveram. Diria mesmo que as mulheres hoje são menos felizes, claro que existe quem não pense assim, mas tb quem é que PENSA e reflecte sobre si mesmo?! Sei é o que vi antes e vejo hoje. Mas tb vi que a sociedade global foi evolutiva e o nosso caso não era diferente, analise a mulher na sociedade democrata norte-americana nos anos 50/60 e até 70 e diga-me se era uma questão politca ?! O Salazar respeitava e admirava muito as mulheres é pena que a sua cegueira abrilista não lhe permita ver as coisas por outra perspectiva, eu aprendi a respeitar e a admirar, diria mesmo venerar a mulher, e isso é ter carinho, amizade e respeito, mas não deixo de sorrir ao observar a mulher hoje e vê-las como baratas tontas meio perdidas à procura de rumo.
com um beijo respeitoso e a devida vénia

Já sei que és um salazarista convicto...um amante do estado novo. Já tive oportunidade de ler sobre isso em blogs teus e de os discutir.

Não vou aprofundar este tema aqui , não porque o blog da Princesa seja apenas para temas levezinhos e humoristicos, sendo que pessoalmente considero que a forma humoristica é umas das formas mais inteligentes de abordar assuntos serios e falar neles, que também não foi o caso deste post que nada tem de humoristico...Apenas não considero importante a discussão! Não te vi contradizer nada do que escrevi... A tua verdade é a tua verdade apenas isso....
A unica coisa que lamento é a visão «deprimente e generalista» que tens das mulheres de hoje... e da mesma forma que lamento a visão mais uma vez generalista que tens das mulheres (felizes) do passado e do amor que Salazar lhes tinha. Sabias que há quem mate por amor??? O amor justifica sempre o bom e o mau não é??

Mas deixa-me que te diga que se eu fosse uma mulher desse passado, também com respeito e dignidade assumiria esse papel - ou não-(havia opções??), mas não seria de todo uma mulher feliz...

Desculpa-me este desabafo mas há coisas que me faz ferver o sangue de «mulher-barata-tonta-à procura-de-rumo»...

Beijos Sonhador




antes as mulheres não podiam exercer muitas profissões... hoje em dia exercem muitas profissões q não podiam exercer...que nem podia existir :( :#

elba... bjss xauuuuuuu
valeu galera
elba karine s. pereira a 26 de Novembro de 2009 às 18:27

Antes do 25 de Abril e depois cheguei em Portutgal em 1977 e so via era essa revista nos quiosques de lisboa e papelarias .
Anónimo a 23 de Janeiro de 2020 às 19:53

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