Tive umas pequenas férias em Junho, aproximadamente 10 dias.
Durante 10 dia viajei pelos «Picos da Europa» e Costa Basca. Adorei! Único!
Mais de 3.000 Km de estrada. Simplesmente FANTÁSTICO!
Dez dias no meio das montanhas com o som dos rios e cascatas, a saboriar a doçura da vegetação, a sentir a frescura dos dias. Quase que somos levados a acreditar que a nossa vida é aquilo.
Somos acometidos por uma paz infinita e momentos de felicidade atingem-nos impiedosamente.
Num desses dias, tal como em quase todos, procuràmos um local com todas estas características para almoçarmos e nos deixarmos arrebatar. Nesse dia em particular fomos brindados com mais uns sons, que também faziam parte deste cenário, pastores e cabras…
Os gritos dos pastores ecoavam pela montanha, assim como os chocalhos e balidos das cabras.
Comecei a perscrutar a montanha e nos sítios mais íngremes e insidiosos, descobri as cabras e os pastores.
Naquele dia parecia que existia alguma dificuldade em reunir os animais, quase que não se distinguia os saltos dos animais, com os dos pastores. Apercebi-me que o objectivo seria fazer com que os animais descessem a montanha escarpada para atravessarem uma estreita ponte de pedra (que atravessava o rio), alcançando assim a outra margem.
Almocei e no fim continuava a ouvir os animais e os pastores, sinal que os animais ainda não estavam reunidos.
Não resisti em ir espreitar. Vinha a subir um dos pastores com uma cabra presa por uma corda que se debatia vigorosamente. De tal forma que à revelia do pastor conseguiu saltar uma vedação. Tendo assistido a seguir a uma verdadeira cena de pancadaria entre um pastor e uma cabra, e ainda apreendi alguns palavrões em Espanhol que obviamente me escuso a reproduzir aqui!
Um menino de aproximadamente 4 anos tinha-se se colocado ao meu lado. Pelos gritos que lançava aos animais, apercebi que deveria fazer parte da família dos pastores.
Ele ia-me deitando uns sorrisos e deu-me um «olá», que eu obviamente retribui.
Depois o pastor mandou-nos afastar com uns grunhidos roucos (depois da pancadaria que tinha assistido entre o pastor e a cabra, confesso que achei por bem entender perfeitamente os grunhidos), caso contrário as cabras não subiam.
Foi quando o menino começou a fazer perguntas. Fui respondendo em monossilabos no meu parco Portunhol (Portunhol da Princesa: lá garfo, lá faca, lá montanha…), algures nas minhas incursões por Espanha descobri que o «lá» fica sempre bem.
Mas claro que estava a falar com uma criança de 4 anoo, que após o segundo «lá», perguntou franzindo as sobrancelhas:
-És Inglesa???
Deu-me vontade de rir e disse que não.
- Ahhh …. És de onde???
E no mesmo instante sem ouvir a resposta, saltou a vedação, balançando-se perigosamente na escarpa lançando uns gritos às cabras…
Entrei em pânico, as crianças de 4 anos que conheço não fazem aquelas coisas e por isso puxei de todo o meu léxico Espanhol e gritei uns «niño» e uns «mira»….
O rapazito percebeu a minha aflição e fez-me sinal que estava tudo bem… Sosseguei, quando ele voltou novamente para detrás da vedação.
- És de onde???? – voltou ele a perguntar
Respondi:
- De Portugal…
-Ahhhhh e isso é onde????
Pensei na melhor resposta. Achei que dizer-lhe que era aquele condado Portucalense que por um infeliz lapso estratégico do D.Afonso Henriques não era Espanha… não seria muito claro. Por isso respondi:
- É muitoooooooooo (prolonguei a vogal) longe…
O olhar do miúdo iluminou-se de compreensão e com um sorriso na cara disse:
-Ahhhhhhhh muitooooo longe... Já sei é em BADAJOZ…
Tive um ataque de riso…despedi-me da criança e voltei à estrada!
Desejo uma boa semana a todos :)
sinto-me: